1ª Timóteo, 2:11
As mulheres devem aprender em silêncio e com toda submissão.
A Bíblia apresenta-nos vários textos de difícil entendimento. Isso não pode ser motivo para os ignorarmos. Antes, devemos refletir mais neles, no enquadramento do resto das escrituras, pois a Bíblia interpreta-se a si mesma.
Quando lemos Paulo a falar isto, colocando as mulheres numa aparente posição inferior aos homens, faz confusão, pois a Bíblia não defende essa distinção. Defende responsabilidades diferentes.
Não quero entrar por essa discussão, do papel que Deus pretende para as mulheres na igreja.
Quero olhar para algo mais abrangente, que inclui a situação que julgo ter levado Paulo a fazer esta afirmação.
Paulo escreve esta carta ao seu discípulo Timóteo no contexto da igreja que estava a ser implantada na cidade de Éfeso.
Esta cidade tinha vários problemas, sendo que um deles estava associado à prostituição cultual: mulheres que entregavam o seu corpo a vários homens, de forma a que essas múltiplas relações sexuais fossem entregues aos seus deuses como culto.
Tanto nesta carta (a Timóteo como pastor em Éfeso) como na carta à igreja em Éfeso, Paulo combate esses actos, instruindo em específico as mulheres na sua postura e na sua intervenção na igreja.
A forma como Paulo o faz - agressiva na visão actual do mundo, mas compreensível à luz da época - fez-me refletir na forma como a igreja, ao longo dos séculos, tem lidado com situações que contrariam os seus fundamentos e as suas tradições.
A reacção típica do ser humano quando é atacado ou reprimido ou humilhado é a reacção de devolver o que sofreu, como compensação ou como vingança. Levo um soco, devolvo um soco (ou mais). Sou humilhado, humilho. Sou reprimido, reprimo.
É como uma bola de demolição. Parada, não faz mal nenhum. Mas se é agitada de um lado para o outro, destrói tudo à sua passagem. Só pára no ponto de equilíbrio, que nunca atinge se estiver constantemente a ser empurrada.
Muitas vezes, a postura da igreja em diversos assuntos é interpretada como agressiva para um ou outro grupo da sociedade. Quando esse grupo consegue alguma liberdade de acção, contra-ataca.
E a reacção da igreja, muitas vezes, tem sido de contra-atacar o contra-ataque que sofreu, como a bola de demolição a ser empurrada de um lado para o outro.
Não creio que essa seja a postura que Cristo quer de nós.
Somos chamados a dar a outra face; somos chamados a ser sal e luz.
A Deus seja dada toda a honra e toda glória.
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